Estiagem

Chuvas amenizam efeitos da seca na região

Com incidência em diferentes intensidades e localizações, as precipitações contribuem para que os danos sejam minimizados; parte das perdas no agronegócio, no entanto, são irreversíveis

Divulgação -

As chuvas dos últimos dias contribuíram para amenizar os efeitos da estiagem em algumas áreas da região. Em Pelotas, os índices pluviométricos foram suficientes para que houvesse diminuição no ritmo de queda no nível da Barragem Santa Bárbara, que chegou a 2,62 metros ontem, o mesmo registrado no dia anterior. Nesta quarta-feira foram registrados 18 milímetros de chuva no local, número suficiente para que o nível não sofresse redução. Na região, 2.999 famílias estão sem água potável, e possuem registro para receber o líquido para consumo humano, de acordo com o último boletim sobre as perdas devido à estiagem elaborado pela Emater. Ao todo, 17 municípios da Zona Sul decretaram situação de emergência.

"Qualquer quantidade de chuvas nos ajuda", afirma o diretor-presidente do Sanep, Alexandre Garcia. Desde a última terça-feira, o pluviômetro central da autarquia registrou a incidência de 19 milímetros de chuva. Também houve precipitação no sábado, com 13 milímetros, e na última segunda-feira, quando foram quatro milímetros. O último registro havia sido em 19 de fevereiro, quando caíram cinco milímetros. Segundo Garcia, a incidência dos índices, mesmo que pequena, contribui para que não haja perda no dia na Barragem, ou seja, o nível permanece estável ou reduz em baixa quantidade. Ele exemplifica que no último final de semana, entre sexta e domingo, o volume de água do local baixou três centímetros, de 2,56 para 2,59 metros, o que, para ele, é positivo. Apesar disso, o nível atual da barragem está próximo da mínima histórica, de 2,98 metros, alcançada em 2012. "Com as melhorias temos condições de captar abaixo disso sem racionamento", conta.

O diretor-presidente também projeta que a normalização das chuvas deve ocorrer a partir de maio, contribuindo para a recuperação no nível do local. Além disso, aponta que as melhorias para ampliação na captação de água e outras ações também contribuíram para que a situação fosse amenizada. Desde 26 de fevereiro, data da entrada em vigor do decreto de restrição do uso da água, que determinou a proibição da lavagem de automóveis e calçadas e de molhar gramados e jardins, 141 denúncias de descumprimento foram recebidas pela autarquia, com a suspensão no abastecimento de um local na Avenida 25 de julho. "O efeito pedagógico foi alcançado", resume, citando que outros locais notificados não voltaram descumprir o decreto. Outra ação efetuada foi a criação de uma força-tarefa para o conserto de vazamentos no município, que realizou 1.036 consertos até a última terça-feira. Na zona rural, a demanda para o recebimento de água aumentou cerca de 70%, e a população segue sendo abastecida por cinco caminhões-pipas, que captam água da ETA Sinott.

Quase três mil famílias sem água

Na região, cresceu o número de famílias sem acesso à agua potável. De acordo com o último boletim sobre as perdas decorrentes da estiagem elaborado pela Emater, relativo a semana de 9 à 15 de março, 2.999 famílias estão registradas para receber água ao consumo humano. O número representa aumento de 201 famílias em relação ao levantamento anterior, relativo à semana de 1º a 7 de março, sendo maior em Capão do Leão, com 940 famílias, seguido por Herval, com 800, Canguçu, com 258, Santana da Boa Vista, com 230, Piratini, com 200 e Cerrito, com 187. Outros 10 municípios contabilizam, cada um, menos de 100 famílias, como Pelotas, onde 50 são atingidas.

O supervisor regional da Emater, Luiz Ignácio Jacques, lembra que, durante a última semana, houve a ocorrência de precipitações esparsas na região, com intensidades variadas mesmo dentro dos municípios. Esses índices podem proporcionar uma recuperação nas pastagens nativas e cultivadas dos locais, proporcionando melhora na alimentação de gados de corte e leiteiros. "Se seguir essa chuva nas próximas semanas, pode ocorrer uma melhora nas condições para as pastagens de inverno", afirma. Em média, a produção leiteira diária teve redução de 34,5%, sendo mais acentuada em Piratini, onde representa 55%, seguido por Cerrito e Morro Redondo, com 50%. Na pecuária de corte, a estimativa é que ocorram perdas nos pesos dos animais, entre 10 a 20 quilos por cabeça e um decréscimo de 5% a 10% na fertilidade, influenciando no nascimento futuro de terneiros. A baixa ocorrência de chuvas aliada às altas temperaturas também acentuam as perdas em produções na região. Na região, há registros de perdas no tabaco, com 29,60%, feijão, 60%, e nos milhos grão e silagem, com 61,35% e 54,5%, respectivamente. Na soja, os prejuízos representam 41,6% do total, em mais de 406 mil hectares semeados em 22 municípios da região. Nas hortaliças, a cultura da abóbora, concentrada no município de Herval, soma 50% de perdas em relação ao esperado inicialmente.

Outono deve trazer chuvas

O outono, que terá início amanhã, poderá contribuir para que a situação de estiagem, em todo o estado, seja amenizada. A previsão efetuada pelo Climatempo prevê um aumento na quantidade de chuvas, em todo o estado, a partir de abril. Em maio, a expectativa é de que a ocorrência de chuvas seja 50 milímetros maior do que média histórica, com uma diminuição das precipitações em junho.

Municípios em situação de emergência

Amaral Ferrador*
Arroio do Padre
Arroio Grande
Candiota
Canguçu**
Capão do Leão*
Cerrito*
Herval**
Morro Redondo*
Pedro Osório
Piratini***
Pedras Altas
Pelotas
Pinheiro Machado*
São Lourenço do Sul*
São José do Norte
Turuçu

*Homologado pelo Estado
**Homologado pelo Estado e Reconhecido pela União
***Reconhecido pela União

Fonte: Defesa Civil RS

 

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